segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Das salas do interior do Paraná para o set de filmagem

Entrevista com o realizador Nivaldo Lopes. Ele é diretor, roteirista e montador.


A entrevista foi feita pela estudante de jornalismo Francine Brustolin


1. Como começou o interesse por cinema?
desde criança, o cinema no interior era a principal diversão. As histórias em quadrinhos, e, aqui em Curitiba o contato com os filmes na Cinemateca.
2. Quais as suas influências – cinematográficas, literárias etc ?

Os grandes diretores contemporâneos bem como as grandes obras literárias. Mesmo no Paraná, os mais importantes escritores.

3. A sua formação – instrução, família, amigos, coisas que gosta de fazer, inspiração...

Leitura e contato com a “vida” desde muito cedo. Meu círculo de amigos correspondem àquilo que faço, Cinema, trabalho e futebol às terças.
Lembro um poema do Leminski, que diz.
Um bom poema
leva anos
Cinco jogando bola,
Mais cinco estudando sânscrito,
Seis carregando pedra,
Nove namorando a vizinha,
Sete levando porrada,
Quatro andando sozinho,
Três mudando de cidade,
Dez trocan do de assunto,
Uma eternidade, eu e você,
Caminhando junto.


4. Quais os temas que mais trabalha, nos filmes?

Humanismo e Literatura.

5. Filmografia (título, bitola, duração e ano de estréia de todos os filmes)

TENDE PIEDADE DE MIM, SENHOR! CM 35mm, 14min., março/2007.
O HOMEM DOS OLHOS MORTOS, CM 35mm, 19min., janeiro/2006.
SHABELEWSKI, Curta-Metragem 35mm, lançado em março de 2005. 17min.
MAR PARAGUAYO, Média-Metragem 35mm, lançado em maio de 2004. 29'.
A LINHA DO TREM, Curta-Metragem 35mm, novembro de 2003, 17 min.
O TRASTE, Curta-Metragem 35mm, lançado em março de 2002, 20min.
LOGO SERÁ NOITE, Curta 35mm, lançado em março de 2002, 19min.
PELA PORTA VERDE, Curta-Metragem 16mm, 1997, 12min.
LÁPIS, DE COR E SALTEADO, Curta-Metragem 35mm, 1992, 15min.
QUERIDA MENINA, Curta-Metragem 16mm, 1989, 15min.
A GUERRA DO PENTE, Longa-metragem, 16mm, 1986, 1:20min.
A RUA DA MINHA JANELA, curta-metragem, 16mm, 1982, 10min.
OBS. Roteirista, Diretor e Montador dos filmes acima.
Projetos em produção:
A OUTRA MARGEM, em pré-produção.
Participação em outros projetos:
DEVOÇÃO, de Geraldo Pioli, CM35mm, 2005. Montador e Produtor-associado.
TEMPLO DAS MUSAS, de Geraldo Pioli, CM35mm, 2005 Produtor e Montador.
CACHORRO NÃO, CHICHORRO, de Paulo Friebe, CM35mm, Montador.
JENNIFER, de Moacir David, CM35mm em finalização, Montador.
MARIA, de Moacir David, CM35mm em finalização, Montador.
LALA, de Moacir David, CM35mm em finalização, Montador.
PAREDES, de Estevan Silveira, CM35mm, Produtor-associado e Montador.
SERENATA, de Paulo Friebe, CM35mm em montagem - Montador.
INFERNO, de Geraldo Pioli, CM35mm em montagem - Montador..

6. Carreira dos filmes – prêmios, críticas

Sou o menos premiado do Paraná. Sou impremiável. Meus filmes estão muito aquém ou muito além dos conceitos das comissões de premiação e Seleção. Também não faço uma coisa importante em festivais – lobby.

7. o que foi mais marcante em sua história profissional ?


O dia em que, levado por alguns amigos fui à Cinemateca para assistir “No tempo das Diligências”, tinha nas mãos alguns desenhos. O Valêncio Xavier pediu pra ver e me convidou para no outro dia participar de uma reunião com um grupo de pessoa que começariam a fazer desenho animado. Fui. De todos que lá estavam só eu terminei por fazer Cinema.

8. Como definiria o seu estilo como diretor?


Acredito e defendo que entre os cineastas paranaenses. Talvez seja o único que tenha um estilo bem definido. Ainda não sei que estilo é, mas é claro e definido.
produção

9. como tem sido o seu modo de realizar filmes? - produção, verba, recursos humanos


Como todos. No início na raça e juntando os amigos. Hoje através das leis de incentivo. Principalmente a Municipal.

10. como são divulgados os seus filmes?

Não existe divulgação. Não temos mercado e nem espaço de exibição. Ficamos restritos às mostras, Festivais e muito raro nas TVs Culturais.

11. De que forma as leis de incentivo, as escolas, a TV Educativa e a RPC, entre outros, têm ajudado a sua carreira?

A Lei Municipal de Incentivo propiciou a profissionalização do Cinema em Curitiba, e só existe uma produção porque existe a Lei Municipal que foi uma conquista de toda classe artístitca. As Leis estaduais são manipuladadas, espécie de Edital de Prêmio Anunciado. Quando sai o edital você já sabe mais ou menos quem vai ganhar.
Quanto às escolas, TVs educativas e RPC, nenhuma contribuição.

12. sobre a questão técnica - poucas pessoas conseguem sobreviver de cinema no Paraná, portanto toda a equipe técnica acaba "fugindo" para a publicidade para sobreviver da sua profissão. Como é lidar com isso? Com quais os técnicos tem trabalhado mais frequentemente e o que significa.

Eu acho que não existe contato entre a publicidade e o Cinema no Paraná, é comum você encontrar diretores de São Paulo dirigindo comerciais paranaenses. Alguns técnicos que trabalhavam somente com publicidade, devido ao volume de produção que têm acontecido nos últimos anos, têm participado das produções, Técnico de som, diretor de fotografia, assistentes de câmeras, etc...

13. E a formação de mão de obra – tem opinião formada sobre os cursos de cinema locais?

Tem que se formar técnicos. Os bons técnicos que existem no Paraná, trabalham direto.

14. É possível viver de cinema no Paraná? É só a questão financeira? Quais são as outras dificuldades? O que é necessário para que o profissional possa viver só de cinema?

Depende do padrão de vida profissional que se quer viver ou ter. Existe um mercado futuro. (a TV Digital / Produção digital / fomentação do mercado )


15. Aponte o nome mais significativo para a história do cinema no Paraná (pessoa, instituição etc).

LEI MUNICIPAL DE INCENTIVO até 2003. De lá pra cá ficou estagnada. Estamos há quatro anos sem edital. O último foi aberto este ano e só será julgado em 2008.

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